30 de dezembro de 2013

O que vai acontecer quando eu ficar velha?

O livro Histórias de Transformação reúne relatos de 32 pessoas que abraçaram oportunidades e ousaram arriscar, movidas pela inquietação e pela curiosidade, projetando um novo futuro para si mesmas e suas comunidades. As histórias são parte da trajetória dos projetos apoiados pela Fundação Telefônica ao longo dos anos, e como estas ações contribuem para o desenvolvimento social. São 8 personagens para cada um dos pilares trabalhados na Fundação Telefônica: Voluntariado, Inovação Social, Educação e Aprendizagem e Infância e Adolescência. Todos os obstáculos vencidos e as conquistas adquiridas estão narrados em cada uma das histórias, que apresentam como a Transformação social pode contribuir para o desenvolvimento coletivo, ampliação de horizontes e inspiração.

Segue a minha história -> Sônia Bertocchi
Educadora, 62 anos, São Paulo (SP). Transformou sua vida profissional quando se apaixonou pela tecnologia, na década de 1990, e começou a usar esse conhecimento na sala de aula.
Pioneira, surpreende por sua sintonia fina com o futuro.



O dia das mães de 1996 foi um marco na vida pessoal e profissional da educadora Sônia Bertocchi. Enquanto as outras professoras ganharam blusas e flores, os três filhos de Sônia a presentearam com um modem.“Com esse aparelho, da sala de nossa casa, era possível acessar a internet discada no computador grandão, que exibia letras verdes na tela preta. Era fantástico! Na primeira noite não dormi. Fiquei navegando maravilhada com tudo o que eu podia descobrir dali pra frente”, lembra Sônia.

Na época, já com 20 anos de Magistério, lecionava Língua Portuguesa em escolas públicas e particulares do ABC paulista, região metropolitana de São Paulo. Mesmo com a rotina puxada, viajava pelo universo digital diariamente e logo surgiu o desejo de ter o próprio site. “Eu não tinha condições de pagar por isso. Então, pedi ajuda ao namorado ‘nerd’ da minha filha adolescente. Ele construiu o site e me deu um livro enorme que ensinava como programar em HTML. Assim, fui dominando todos os códigos, o que me deu — e continua dando — autonomia para lidar com qualquer programa”, diz ela. O site, pioneiro por unir a tecnologia à aprendizagem, recebeu o nome “Hipertexto: Educação On-line”, e ficou no ar por sete anos.
Sônia conta que, na época, a sala de informática da escola era usada apenas para ensinar processamento de dados. “Depois de muitas conversas com a direção, consegui dar minhas aulas de Português lá... E havia muita resistência, como existe até hoje. Um ou dois colegas se encantavam com a informática – assim como eu –, e íamos juntos, inclusive aprendendo com os alunos. Éramos os professores que falavam a língua dos jovens e isso deu força para transformar a dinâmica das aulas”, afirma.

Em 2001, a filha Daniela, já formada em Jornalismo, trabalhava na criação do EducaRede, portal realizado pela Fundação Telefônica Vivo que, naquele momento, buscava educadores capazes de produzir conteúdo para o site. Sônia passou por uma avaliação e começou a escrever posts para as várias seções do site. Em seguida, ainda nos primórdios da interatividade, ela foi convidada a mediar os fóruns on-line, sobre temas da Educação. “Com 50 anos, quase pronta para ficar de pijama em casa, comecei a mediar essas discussões, que fizeram sucesso justamente por eu ser professora”, recorda. Em 2006, Sônia passou a editar o conteúdo do EducaRede e a estruturar as Comunidades Virtuais. No ano de 2007, ela ganhou uma concorrida bolsa de estudos da Fundação Telefônica Vivo e foi para a Espanha, aprofundar a pesquisa sobre Gestão e Produção de Ambientes Virtuais na Aprendizagem. Estudou espanhol para defender sua tese e voltou para lá por muitos anos para participar dos Encontros Internacionais de Educação.

Por causa dessa trajetória tão inusitada quanto consistente, Sônia Bertocchi é colaboradora assídua da Fundação Telefônica Vivo em vários projetos. Também presta consultoria em comunicação digital para escolas e empresas de todo o Brasil. Aos 62 anos, ela vive conectada e conectando pessoas: tem 5 mil seguidores no Twitter e mais de 2,5 mil amigos no Facebook. Com vários compromissos agendados para os próximos três anos, Sônia não conhece monotonia e está sempre pronta para o próximo desafio. Casada há 43 anos, rodeada pelos filhos e netos, sonha em ter uma casa totalmente tecnológica e confessa que, de vez em quando, se pergunta: “O que vai acontecer quando eu ficar velha?”.

EducaRede Portal gratuito e aberto, dirigido a educadores e alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio da rede pública e outras instituições. No ar entre 2002 e 2011, reuniu conteúdos exclusivos, preparados por especialistas em diversas áreas, além de projetos e ferramentas interativas. No Brasil, teve a coordenação geral da Fundação Telefônica Vivo em parceria com o CENPEC (responsável pela coordenação executiva e gestão pedagógica) e a Fundação Vanzolini da POLI/USP (na coordenação tecnológica). Alguns dos conteúdos do Portal estão reunidos na publicação Educação no Século XXI: Novos Modos de Aprender e Ensinar, que pode ser baixada gratuitamente no site: fundacaotelefonica.org.br/conteudos/publicacoes

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Sônia