27 de agosto de 2015

#diálogozero nas redes sociais

todos têm opinião. sobre tudo. sobre todos.

todos podem expressá-la livremente. sem medo. óbvio? não. nem sempre foi assim.

todos têm vários canais para fazê-lo. rede social é o que não falta. até aqui tudo certo. #ótimo

o estranhamento começa quando eu escrevo X. fulano entende Y. #péssimo

fulano entende o que deseja. #direitodele

sicrano pergunta sobre A, beltrano, responde sobre B. ignora A. #falarnovazio

resumo: cada um entende e responde o que quer.  #diálogozero

muitos só falam com quem julgam ser capaz de fazer a mesma leitura que eles, sem risco de entender outra coisa. eliminam na raiz possíveis divergências. #blockers
Só me dirijo às pessoas capazes de me entender, e essas poderão ler-me sem perigo. Marquês de Sad 
outros correm riscos. provocam as divergências. e destroem os interlocutores. #flamers

enfim. o que querem é concordância. a qualquer preço. sempre.

nem sempre é possível. mas, o diálogo é  possível. sempre.

lembram daquela brincadeirinha que Sócrates aprendeu com Platão? perguntar, responder e refutar. #dialética

difícil? ah ...exige o domínio da arte de argumentar...a arte da palavra...

então o fácil predomina: desqualificar o interlocutor. o "inimigo".  #triste

e o espaço de argumentação vira território de guerra. e salve-se quem puder!

ironia: o diálogo em crise em um momento em que a tecnologia oferece meios nunca antes pensados para que as pessoas possam dialogar. ironia e tristeza para quem viveu tempos bicudos de censura.

exagerei? tomara que sim!

25 de junho de 2015

Resiliência? O que é isso?

Dia desses, em encontro de formação de professores, surgiu a necessidade de falar sobre resiliência.

Percebi que havia dúvidas sobre o significado dessa palavrinha que, na verdade, ainda não é muito usada. Mas figura como uma das principais competências exigidas de todos século 21. Muito importante para professores que hoje se vêem desafiados a usar recursos tecnológicos em sala de aula. Na maioria das situações, não se sentem / ou não estão preparados e se mostram pressionados em vários aspectos: problemas com a infra tecnológica das escolas, na experimentação de novos recursos didáticos, no manejo da sala de aula em situação de uso de novas tecnologias, entre outros tantos.

Resolvi então trazer o tema aqui pro blog. Como não sou especialista, busquei ajuda. Acompanhem!
CONCEITOS DE RESILIÊNCIA 
Resiliência é freqüentemente referida por processos que explicam a “superação” de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações. Fonte: http://www.scielo.br/pdf/pe/v8nspe/v8nesa10
resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Resili%C3%AAncia_(psicologia) 
Importante: de acordo com Paulo Sabbag, autor do livro “Resiliência: competência para enfrentar situações extraordinárias na sua vida profissional” (Negócio Editora), não se deve confundir o conceito com insensibilidade.

Notícia boa:                       resiliência também se aprende! 
As especialistas Tábata Cardoso e Maria do Carmo Fernandes Martins elaboraram um teste - EPR (Escala dos Pilares da Resiliência), que tem como base uma escala de fatores - chamados de pilares - que contribuem para um comportamento mais resiliente. Aproveitem e analisem seu grau de resiliência ... você é setinha preta, ou setinha vermelha? :-)
1 Encarar mudanças e dificuldades como oportunidades
“É aceitar que a mudança é uma oportunidade de crescimento, ter a visão de que as adversidades enfrentadas trazem essa possibilidade”, diz Rodrigo Fonseca, gerente da Vetor Editora.
2 Autoconfiança
É um comportamento relacionado à segurança que o profissional tem para encarar as diversas situações que se apresentam. “É a pessoa se sentir confiante para enfrentar desafios”, explica Fonseca.
3 Autoeficácia
Refere-se à percepção que a pessoa tem da sua própria capacidade. “É acreditar na competência, se sentir capaz”, explica Fonseca. Muitas vezes a pessoa pode até não ter potencial alto de inteligência, mas se tiver autoeficácia, diz Fonseca, vai se esforçar além do normal o que acabará compensando eventuais deficiências.
4 Bom Humor
Neste contexto é analisada a capacidade que a pessoa tem de usar o bom humor para lidar com momentos de stress. “As pessoas que têm bom humor se esforçam para tornar o ambiente mais leve em situações difíceis”, diz Fonseca.
5 Controle emocional
Ataques de ira não são próprios das pessoas flexíveis. “Uma reação desproporcional mostra uma falta de resiliência”, diz Yuri Keiserman.
O controle emocional permite ao profissional agir com mais calma e a não perder o foco. “Quem tem autocontrole consegue expressar adequadamente sua emoções o que permite enfrentar melhor situações difíceis”, diz Fonseca.
6 Empatia
Manter um comportamento resiliente pede uma boa dose de empatia. Saber se colocar no lugar do outro é essencial para minimizar e solucionar conflitos, segundo os especialistas. “No ambiente de trabalho, as relações podem ficar desgastadas porque são intensas e freqüentes, por isso a importância da empatia é extrema”, diz Keiserman, tdiretor executivo da editora Vetor.
7 Independência
É um conceito bastante próximo da autonomia, de acordo com Fonseca. Pessoas independentes não se isolam mas também não são dependentes dos outros para desenvolver suas tarefas, atividades e projetos. “É não ter o receio de travar, de empacar”, diz Keiserman.
8 Otimismo
O nome técnico deste comportamento na EPR é orientação positiva para o futuro. Ou seja, as pessoas com esta característica têm esperança no que está por vir em suas vidas. “Mas não significa que não se preocupem com o futuro”, afirma Fonseca.
9 Reflexão
Ter a capacidade de analisar e refletir quando o mundo está desabando ao seu redor é um dos pilares que apóiam uma pessoa de atitude resiliente, de acordo com Fonseca. Geralmente pessoas assim conseguem encontrar as melhores soluções para os problemas. 
10 Sociabilidade
Está ligada ao bom relacionamento interpessoal. Quem tem esta característica consegue criar vínculos com as outras pessoas. Quem desenvolve a sociabilidade apóia a equipe e é apoiado por ela, explica Fonseca.
11 Valores positivos
Pessoas que seguem seus valores e princípios acabam sendo mais resilientes, de acordo com Fonseca. Segundo ele, não se trata de qual valor a pessoa tem e, sim, da importância que ela dá a eles. “Cada um tem seus próprios valores, ter essa orientação é que é muito importante”, explica Fonseca.
Fonte: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/11-comportamentos-essenciais-para-ser-mais-resiliente
Para saber +
Guia rápido - O que é resiliência?
Faça o download aqui: http://sobrare.com.br/resiliencia/guiarapido/guia_rapido_o_que_e_resiliencia_b.html



Por  que  falamos  +  em   tecnologia, quando o que fazemos é trabalhar com metodologia?


23 de junho de 2015

Tecnologia, conteúdo ou metodologia?

Afinal, que conhecimentos os professores da era digital precisam dominar?


Para lançar luz sobre o tema e nos ajudar a visualizar respostas a esta pergunta, recorro à experiência de Judi Harris, educadora que trabalha no College William & Mary, na cidade de Williamsburg, Virgínia, EUA.

Ela é especialista em Currículo e Tecnologia Educativa e desenvolve já há alguns anos uma pesquisa sobre a relação entre as ferramentas digitais e a ação pedagógica. O intuito do seu trabalho é exatamente reconhecer conhecimentos necessários aos professores para tornar as práticas pedagógicas associadas às inovações tecnológicas mais eficazes.

Em outubro de 2012, Judy Harris foi uma das convidadas para abrir o VI Encontro Internacional EducaRede e, já no vídeo que enviou como apresentação pessoal, fez provocações muito interessantes que deram o tom do que seria sua participação presencial.  
Em uma delas, a pesquisadora pede que se relembre uma propaganda veiculada na TV americana em que se propõe a arquitetos que desenhem, projetem uma casa em volta de um determinado modelo de torneira.
É a mesma coisa que, freqüentemente, nesses últimos vinte e cinco anos, temos feito com educadores, diz ela. Desenhem experiências de ensino-aprendizagem em torno de uma determinada tecnologia, dispositivo, continua, sinalizando já a valorização excessiva do conhecimento tecnológico e suas implicações.

A analogia com a educação aparece por meio da uma imagem (ao lado) que ilustra com muita propriedade o questionamento que norteia todo trabalho da pesquisadora: Ferramentas são fundamentais. Mas são elas que devem configurar nossa ação pedagógica?  Apesar de ferramentas serem poderosas, terem funcionalidades atraentes, muitas vezes sedutoras, não é em torno de, ou a partir de ferramentas que deveríamos planejar nossa aula, nossa atividade, nosso projeto pedagógico.

A apresentação segue com mais provocações baseadas em imagens muito expressivas que nos motivam fortemente a refletir sobre a maneira como estamos lidando com as tecnologias da informação e da comunicação no âmbito do processo ensino-aprendizagem.   

É o caso do próprio título que ela atribui à sua palestra - Não mais rabos movendo os cães: uma nova compreensão da integração das TIC –, metáfora que reitera sua posição: não são os equipamentos, os aparatos tecnológicos que devem direcionar a atuação do professor. Não são as tecnologias que devem mover o processo ensino-aprendizagem. Assim como não é o rabo que move o cãozinho. Traduzindo: não se trata de conhecer muito bem uma ferramenta e elaborar uma aula em torno dela, mas sim criar um projeto em torno das necessidades dos alunos.

A imagem do martelo, usada pela educadora, também chama muito a atenção pela força que tem para expressar uma postura bastante comum entre educadores que enxergam nas ferramentas tecnológicas a solução mágica – a panacéia - para todas as situações: quando se tem um martelo novo, brilhante, pode-se sair por aí achando que tudo é prego. Ferramentas têm grande potencial para ajudar alunos a aprenderem mais, professores a ensinarem melhor, afirma. O problema é quando deixamos que as ferramentas sugiram, ou decidam, o que e como vamos ensinar

Judi Harris enfatiza então – no vídeo e, mais expressivamente, na palestra a que pude assistir presencialmente - a necessidade de um novo olhar para a maneira como a tecnologia está sendo integrada aos processos educativos. 

Mostra como resultado de sua pesquisa, a metodologia baseada no TPACK[1] - Technological Pedagogical Content Knowledge – que engloba três tipos básicos de conhecimentos - o tecnológico, o pedagógico e disciplinar - e três tipos de conhecimentos combinados – o pedagógico disciplinar[2], o tecnológico disciplinar[3] e o tecnológico pedagógico[4].

Para ela, a implementação adequada de uma metodologia alicerçada nessa modalidade de conhecimentos combinados – tecnológico, pedagógico, disciplinar –, aliada a bons recursos e professores bem formados, pode ser fator decisivo para que a incorporação de tecnologia em processos de ensino-aprendizagem aconteça de forma contextualizada, com uma compreensão de tecnologia relacionada à pedagogia e ao conteúdo. 

Este tipo de conhecimento – TPACK Technological Pedagogical Content Knowledge - seria então, segundo a autora, o conhecimento necessário ao professor que deseja integrar tecnologia em suas aulas.

Vale dizer aqui também que, apesar de esta abordagem ter se tornado popular mais recentemente, desde a década de 90, outros autores[5] desenvolvem estudos sobre os diferentes tipos e modalidades de conhecimento que os professores dominam, ou devem dominar.
TPACK se fundamenta principalmente nas idéias de Lee Shulman, professor emérito da Stanford University School of Education, que, já em 1986, se dedicou à pesquisa do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo – PCK.

Para saber + sobre TPACK

·         Site dedicado ao modelo TPACK – Technological Pedagogical and Content Knowledge
·         Designing and Doing
TPACK-Based Professional Development
http://www.eduteka.org/pdfdir/HarrisISTE2011Spotlight.pdf
Converse com Judi Harris ao vivo AQUI  12 .07 - 11h30 

[1] Em português teríamos: CTPED (conhecimento tecnológico, pedagógico e disciplinar).
[2] Conhecimento pedagógico disciplinar:  conhecimento típico e quase que exclusivo dos docentes: acontece, por exemplo, quando um professor de matemática sabe como avaliar corretamente , ou explicar da melhor forma possível qualquer aspecto da sua disciplina.
[3] Conhecimento tecnológico disciplinar:  conhecimento muito necessário para qualquer profissional. É o conhecimento de que se vale um patologista na hora em que utiliza o microscópio para analisar corretamente um tecido.
[4] Conhecimento tecnológico pedagógico:  conhecimento que não se produz sozinho, separado. È o conhecimento que junta à forma de ensinar com a tecnologia. Mas não serve para nada sem o conhecimento disciplinar.
[5] SHULMAN, L. Those who understand: Knowledge growth in teaching. Educational Researcher 15(2), 1986, p. 4-14. 
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.   
TARDIF, M. "Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências em relação à formação para o magistério". Rio de Janeiro, PUC - Rio, 1999.
TARDIF, M., LESSARD, C. e LAHAYE, L. Os professores face ao saber. Esboço de uma problemática do saber docente. Teoria e Educação nº 4, Porto Alegre: Pannônica, 1991.

Como planejar atividades com TIC de maneira significativa?

Saber usar tecnologia não é o mesmo que saber como ensinar e aprender com tecnologia. 
Mishra & Koehler 2006

Quando um professor quer introduzir recursos TIC em sua prática, é muito comum ele pensar primeiro na ferramenta e depois na aplicação didática. Mas também já é consenso entre educadores e especialistas que este não tem se mostrado o caminho mais adequado. Ou o caminho que leva a melhores resultados e menos frustrações. É também o que afirma Judith Harris, autora do modelo TPACK.

A experiência tem mostrado que, primeiro, o professor precisa ter clareza sobre quais objetivos quer alcançar com os alunos e como obtê-los. Só então passaria a escolher os recursos mais apropriados.

Ao planejar um projeto ou atividade com TIC, o professor precisa tomar uma série de decisões.
Veja quais são essas decisões:





1 de junho de 2015

Pelo celular…lá na escola! Mobilidade e convergências nos projetos pedagógicos

Pelo celular…lá na escola!*
Mobilidade e convergências nos projetos pedagógicos
Claudemir Edson Viana**
Sônia Bertocchi***
Os “mais vividos”, com certeza, devem se lembrar do samba “Pelo Telefone”, autoria de Donga, de 1916. E do verso que diz que “o chefe da polícia, pelo telefone, mandou avisar…”. Unanimemente, entendemos que avisou via fala, serviço de comunicação verbal próprio desta tecnologia. Parece muito óbvio para nós – mas lembremos o espanto geral que a invenção do telefone causou poucos anos antes: D. Pedro II, ao ver o invento pela primeira vez, durante a feira de Filadélfia nos Estados Unidos em 1876, disse :  “Meu Deus, isto fala!”, e logo comprou 100 aparelhos telefônicos para trazer ao Brasil.
Mas, 133 anos depois, falar por meio do celular é apenas uma das ações que esta tecnologia nos permite fazer. Aliás, é a mais simples e corriqueira atividade: falar pelo celular é o que faz aproximadamente 86% da população brasileira possuidora de celular. Com um custo cada vez menor e tecnologias mais avançadas, encontramos celulares que permitem muito mais que simplesmente falar. Em agosto de 2009, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), atingiu-se o impressionante número de 164,5 milhões de celulares no país, o que representa um índice de densidade de 85,91 celulares para cada 100 habitantes.
Nova sociabilidade: a portabilidade
O histórico da evolução material da telefonia, aponta uma nova sociabilidade que emergiu sob o suporte do aspecto portátil do celular. A partir da história do telefone, podemos vislumbrar, sob a perspectiva da materialidade da comunicação, as afetações que um artefato técnico pode trazer à tona em uma determinada cultura, como a da presença significativa do celular na contemporaneidade.
Hoje, pelo celular se pode também escrever, fotografar, filmar, editar, jogar, navegar na Internet, enviar e-mail, torpedos, ouvir música ou rádio. São tantas as possibilidades impensáveis há alguns anos, que podemos imaginar o que diria D. Pedro II se pudesse conferir esta evolução. Este avanço tecnológico da telefonia é mais um exemplo claro do que pensadores da Escola de Toronto (Harold Innis, Eric Havelock, Marshall McLuhan) destacavam sobre o fato das tecnologias comunicacionais possuírem o poder de transformar as culturas e as subjetividades, e de estas, por sua vez, provocarem novos ciclos de mudanças tecnológicas, numa dialética sem fim.
Conforme a 4ª Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação no Brasil (TIC Domicílios 2008), realizada pela Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), cada vez mais no Brasil utiliza-se o celular para enviar ou receber imagens, acessar músicas ou vídeos. Esta pesquisa anual pela primeira vez incluiu a análise da área rural e mostrou que, mesmo com a maioria da população utilizando os planos pré-pagos (91%), de 2005 a 2008 subiu de 4% para 24% a utilização do celular com o envio ou recebimento de imagens, e de 9% para 23% com o uso de músicas e vídeos, tendo ocorrido um crescimento mais significativo nos dois últimos anos em razão das conexões 3G e da presença no mercado de celulares mais potentes. Isto demonstra como o uso mais multimídia do celular vem ocorrendo entre os brasileiros graças à sua evolução técnica.
Em outra pesquisa também se constata a forte presença dos celulares entre estudantes brasileiros: dados da publicação A Geração Interativa na Ibero–América: crianças e adolescentes diante das telas - um estudo feito em parceria entre a Universidade de Navarra, na Espanha, a Fundação Telefônica e o EducaRede – apontam para o sucesso do aparelho celular entre os jovens de 6 a 18 anos de idade. Em São Paulo, nada menos que 82% dos estudantes que participaram da pesquisa afirmaram possuir um telefone móvel.
Em alguns contextos sociais, usam-se os aparelhos móveis para outras finalidades que, de normalmente secundárias passam a principais, como câmera, tocador digital ou videogame portátil. Exemplos internacionais deste tipo de uso alternativo são o que demonstram os dados de uma pesquisa feita pela Lightspeed.
No Brasil, um exemplo dessa situação é o que ocorre na cidade potiguar de Barcelona. E são os jovens e as crianças que dão show quando o negócio é usar todos os recursos do celular ou quando mostram não terem medo de explorar o celular para aprender como utilizá-lo. E aí está a diferença. Muitos dos adultos, e em especial os educadores, não conhecem ou não usam estes recursos todos e muito menos visualizam como eles e a cultura deles decorrente podem ser associados às práticas escolares.
Atenção: desligar e guardar os celulares. Celular na escola? Pode?
Tem causado grande polêmica a criação de leis municipais e estaduais que propõem proibições para o uso do celular nas escolas. Nas redes de ensino onde isto já é praticado, justifica-se que só mesmo com a proibição legal garante-se aautoridade do professor que, desta forma, amparado pela lei, pode se fazer respeitar durante suas aulas, proibindo o uso do celular. “Celular na escola, não!”, ou como dizem os não tão radicais, “celular durante a aula, não!”.
Mas por que mesmo não pode? O vilão da vez
Para responder a esta pergunta, sataniza-se o equipamento, o celular, e destaca-se o quanto os alunos, crianças e jovens, envolvem-se por tudo o que esta tecnologia de informação e comunicação possibilita, deixando assim de se interessarem pelas aulas dos seus professores. Então, neste caso, a opção melhor é mesmo proibir, censurar, pois se trata de uma concorrência desleal, argumenta a maioria. E por isso, os professores aplaudem tal legislação.
No entanto, com este tipo de censura, perde a educação e perde a sociedade. Sérgio Amadeu, pesquisador de Comunicação Mediada por Computador e da Teoria da Propriedade dos Bens Imateriais, diz que “não tem sentido você proibir que os estudantes tenham acesso a um meio de comunicação que cada vez mais vai adquirir importância na sociedade. Ao contrário, se a gente tem problemas do uso indevido nas escolas, esse é um bom lugar para ensinar como as pessoas devem se portar com o celular”. Amadeu ainda ressalta: “Se existem algumas coisas ruins, como por exemplo, a pessoa usar o celular para fazer um joguinho em sala de aula ou para fazer ligações, isso requer uma postura da escola em relação aos alunos. Se é impossível ensinar um comportamento de uso de celular a um estudante, o que será possível?”. A professora Andrea Guimarães Phebo complementa: “A lei só vê um lado da questão: o lado da falta de educação e desrespeito da utilização. Se os próprios educadores não tiverem um olhar diferenciado sobre como podem transformar a ferramenta celular de “vilão” em “mocinho”, a lei continuará impedindo que este instrumento tecnológico de múltiplas funções possa se transformar em ferramenta didática”. (In.  Educarede: As 1001 utilidades de um celular)
Essas legislações passam a seguinte mensagem: quando não se sabe o que fazer ou como lidar com algo é melhor proibi-lo pura e simplesmente! E erram feio mais uma vez: na escola já se proibiu o uso de jogos, de filmes, de gibis, dos periódicos, da televisão e mesmo do computador no processo de ensino-aprendizagem. Agora, o vilão da vez é o celular!
Definitivamente, proibir por proibir não é o melhor caminho, até porque os jovens são criativos o suficiente para burlar as proibições. Um exemplo dessa criatividade é o que estudantes ingleses inventaram:  “Eles criaram um toque de celular, semelhante a um apito, que a maioria dos adultos não consegue ouvir. Com isso, podem receber avisos de mensagens armazenadas no celular, ou até mesmo chamadas, sem que a professora se dê conta da infração cometida bem à sua frente. O segredo está na freqüência sonora em que o toque é executado: 17 quilohertz, o que resulta num som extremamente agudo. A ciência ensina que a perda gradativa da audição decorrente da idade, ou presbiacusia, começa com a menor percepção dos tons mais altos do espectro sonoro. O toque criado pelos garotos ingleses encontra-se justamente numa faixa do espectro que não é percebida pela maioria das pessoas com mais de 29 anos”. (In:  A última travessura: Adolescentes usam toque de celular numa frequência que muitos adultos não escutam. Leoleli Camargo- Veja – Edição 1961 . 21 de junho de 2006.
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** Bacharel e licenciado em História (USP-1992), especialista em Educomunicação(USP-2003), Mestre e Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP (2000-2005) e gestor da comunidade virtual Minha Terra desde 2007 do Portal EducaRede.
*** Bacharel e Licenciada em Letras , Máster em Gestão e Produção de e-Learning pela Universidade Carlos III de Madri, gestora de Comunidades Virtuais de Aprendizagem do Portal EducaRede Brasil.
*Publicado orginalmente no EducaRede em 2009 - Publicado atualmente no Acervo Educarede Brasil.